19/07/11

ela é perfeita, meus queridos...

 "  (.....) Querer e conseguir não são o mesmo ; só consegues quando queres, o contrário não é possível. Escrevo para me ler e para me ouvir, porque também preciso das minhas palavras. Preciso que elas me alimentem sem que ao mesmo tempo me matem. Palavras de alento e de esperança, agora com os pés na terra , em vez de voar como um pássaro atrás de quimeras. Quantas vezes os oásis mais desejados não passam de miragens !

  O amor é outra coisa. Constrói-se do chão, levantando pedra atrás de pedra, como se de penas  de tratasse. Sem medo, com calma, sem esforço, apenas com vontade. Dando espaço e tempo, dando a mão. O amor é um caminho a dois. E a grandeza de um homem está em ser uma ponte, não um meta, e ninguém consegue construir uma ponte sozinho.

  O amor é uma construção. Não sei se algum dia saberás o que é. Estou aprender. Aprendi muito neste ultimo ano em que descobri que era mais feliz se vivesse o amor plenamente.

  Deseja-me boa sorte, porque quero e mereço. E a ti, desejo-te a paz possível de uma existência subtraída, e o desejo de que um dia encontres a saída do labirinto. A gratidão não é mais do que a alegria de tudo o que existe ou existiu, por oposto à angustia , que é a tristeza por tudo o que não existe ou nunca existiu. Espero a gratidão te guie e te ilumine com a mesma força com que me tem conduzido.

   Não guardes esta carta no teu coração, ela não te pertence. Pertence a todas as mulheres que aprenderam a deixar de sofrer por amor e conseguiram seguir o seu caminho, encontrando a saída , ou uma das saídas do labirinto. Não penses que deixaram de amar ; apenas aprenderam a amar de outra forma, bem mais bela, por ser a real.

  Esta carta, que é também uma despedida do meu antigo de viver, é acima de tudo uma carta para mim própria.

  Envia-a a alguém que precise de uma chave para sair do seu próprio labirinto , uma vez que não a podes usar para ti. A tua chave esta dentro de ti , ninguém tem o poder de ta entregar. Descobre-a e usa-a para encontrares o teu próprio caminho. Afinal, não é o que todos tentamos fazer ? "

Paços de Arcos, 28 de Julho de 2009.
Margarida Rebelo Pinto “  O DIA em que te esqueci “

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